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Curadoria de livros no universo digital: tornando as rede sociais uma ferramenta de valorização da literatura

Autora: Aline Azeredo Laversveiler Guedes

O presente artigo tem por objetivo apresentar o desenvolvimento pedagógico de um projeto de leitura e escrita com base no texto literário das aulas de Círculo de Leitura promovidas pela rede, em escola localizada no bairro de Quintino, Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. Desenvolvido, a priori, com alunos do sexto e do sétimo anos; e, a posteriori, com alunos dos demais segmentos da unidade escolar (alcançando turmas de primeiro e segundo segmentos), o projeto intitulado “Resenhistas da EMOT: conversas sobre livros” ganhou grande repercussão na comunidade escolar uma vez que se utilizou do universo digital para propagar as resenhas dos alunos na rede. Nessa empreitada, trabalhamos em mão dupla, com dois eixos propostos pelos documentos norteadores da Secretaria Municipal de Educação: Leitura e Produção de Texto. As reflexões propostas estão ancoradas em autores que discutem a articulação escolar da leitura de textos literários e o processo de formação do leitor, tais como, Colomer (2007), Bajour (2012), Zilberman (2003), entre outros.

Palavras-chave: literatura; resenhas infantojuvenis; redes sociais; produção textual; protagonismo juvenil.

Literatura é direito de todos!

Engajamento, hashtags, likes, algoritmos, todas são palavras que fazem parte do repertório digital das redes sociais, e que são compartilhadas por jovens que se mostram antenados, para não dizer conectados 24 horas por dia. Por que não, então, utilizar o universo das redes para promover livros e discutir literatura?

Sabemos que as redes sociais, muitas vezes, funcionam como único meio de informação para jovens e adultos, tamanha a importância alcançada pelos veículos de informação digitais.

O trabalho do professor de qualquer disciplina, sobretudo do professor de práticas de linguagem, deve levar em consideração a vida dos alunos de modo a levá-los a refletir e posicionar-se em sala. É nossa tarefa dar-lhes voz e muni-los de recursos da própria língua para sua atuação no mundo.

Quantos de nossos alunos não se sentem à vontade para participar das aulas por acharem que a eles será sempre dado um julgamento negativo, ou que não devem falar porque não sabem se expressar? São muitos os estigmas que os assombram dentro e fora da escola.

Nesse caminho, surgem as aulas de Círculo de Leitura. Lugar de leitura. Lugar de escuta. Lugar de fala. Nas aulas destinadas à leitura, os alunos mostram-se mais despojados. Acreditamos que isso se deva à própria experiência da leitura, que os leva para outro lugar. Em tom de conversa, eles se sentem motivados a partilhar suas percepções de leitura e a expor suas impressões e vivências para os outros colegas de classe. A aula de Círculo de Leitura cria, de alguma forma, uma rede afetuosa entre alunos e professores. Conhecer o outro, ouvir sua voz é fundamental para que os alunos se reconheçam como parte importante do todo.

Paulo Freire (1996), em Pedagogia da Autonomia, nos adverte que “Ensinar exige saber escutar. Somente quem escuta paciente e criticamente o outro, fala com ele”. Assim deve ser o trabalho do professor: não só falar aos alunos, mas também falar com eles.

A sala de aula é o espaço do diálogo, da aproximação e de exercícios voltados a práticas coletivas. Corroborando o pensamento de Freire, bell hooks salienta,

Ouvir as vozes e os pensamentos individuais uns dos outros, e às vezes relacionar essas vozes com nossa experiência pessoal, nos torna mais conscientes uns dos outros. Esse momento de participação e diálogo coletivo significa que os alunos e o professor respeitam uns aos outros, efetuam atos de mútuo reconhecimento e não falam somente com o professor. (2013, p. 247)

Promover a leitura é um ato político uma vez que a educação deve ser, sim, voltada para o exercício das potencialidades de cada indivíduo e para a transformação de suas próprias vidas.

Voltemos, agora, nossa atenção para o tratamento do gênero literário dentro das salas de aula de ensino fundamental. Para permitir o desenvolvimento do senso crítico de nossos alunos, leitura e escrita passam a ser protagonistas. Assim, como levar o texto literário para os Círculos de Leitura, em sala, sem que se estabeleça somente um viés puramente recreativo desse movimento? Como despertar, em nossos alunos, o caráter estético da obra literária? Ou, ainda, como atuar de modo a contribuir para uma efetiva formação do leitor de obras literárias, isto é, que se proponha a ir além da leitura de livros com caráter pedagógico?

Zilberman (2003) aborda sobre a necessidade de formação do leitor literário a partir da compreensão de que a tarefa de fruição do texto não deve se apropriar da literatura apenas como um pretexto para fins pedagógicos, uma vez que, para além de sua natureza formativa, a literatura seria a arte também engajada em formar cidadãos críticos e conscientes de sua realidade circundante. Nas palavras da autora:

Não é atribuição do professor apenas ensinar a criança a ler corretamente – é ainda tarefa sua o emergir da compreensão do texto, auxiliando o aluno na percepção de temas que afloram em meio à trama ficcional. Formar leitores críticos. A literatura infantil dá acesso ao conhecimento de mundo, mas vai além porque propicia elementos para uma emancipação pessoal, capaz de converter o leitor num ser crítico. (2003, p. 29)

É função da escola promover a formação literária dos estudantes. É, pois, dentro da escola, que o alunado de escola pública pode ter o único meio de acessar livros. Desse modo, estreitar laços com o universo da literatura, fazer leituras guiadas, leituras em voz alta, rodas de leituras e outros tantos meios de apresentar o texto literário e não literário são sempre válidos.

Como elaborar, então, um projeto de leitura literária em sala de aula de modo a contemplar leitores e possibilidades de leituras tão subjetivas? Como dar andamento a um projeto que se proponha a enveredar por caminhos que não levam ao exercício escolar de colocar o texto ou o livro como pretexto para discutir aspectos meramente formais da obra ou do autor? Para que ocorra a leitura como construção social, deve-se ir além da atividade escolar.

Muitos foram os questionamentos até aqui. Partiremos, então, para a descrição de como o projeto supracitado encontrou ecos dentro e fora dos muros de nossa escola; de como a discussão sobre livros puderam motivar o exercício da escrita; e, consequentemente, de que modo tais ações foram fundamentais para a disseminação de textos produzidos pelos alunos no universo digital.

Mediação da leitura em sala como construção coletiva de saberes (Descrição da prática)

Como referencial teórico para a metodologia do projeto, partimos de importantes considerações feitas por Colomer (2007) ao abordar a articulação de obras literárias em sala de aula. A autora cita como passos fundamentais para este processo: o estímulo, a intervenção e a mediação. A leitura compartilhada seria, portanto, a base para formação dos leitores. Nessa perspectiva, podemos incluir, ainda, diferentes tipos de participação na relação mediador-aluno: compartilhar o entusiasmo, compartilhar a construção dos significados e compartilhar conexões que os livros estabelecem entre eles. (Colomer, 2007).

A disciplina de Círculo de Leitura, que subsidiou o desenvolvimento deste projeto, contou, num primeiro momento, com a leitura e a discussão sobre a obra de Lygia Bojunga, A bolsa amarela. Foram discutidos, em sala, aspectos do âmbito do fantástico presentes na obra de Bojunga, e de como a construção destes conteúdos puderam contribuir para o entendimento das metáforas e das reflexões existenciais propostas pela autora, endereçadas ao público infantojuvenil.

Ao final da leitura, foi sugerido aos alunos que fizessem um relato escrito sobre as impressões pessoais do livro, compartilhado oralmente em roda de conversa. Esse tipo de atividade mostra-se de grande relevância por colocar os discentes em contato com a subjetividade que o texto literário pode apresentar, além de encorajá-los a pontuarem oralmente, através de diálogos mediados, suas impressões sobre o livro.

Em momento subsequente, os alunos foram apresentados ao gênero resenha crítica, e sugestionados a transformar o relato escrito sobre a obra em uma resenha.

Sobre a escolha de títulos para serem mediados em sala, Cecilia Bajour (2012) nos fala sobre a importância de o professor ter uma postura flexível diante das possibilidades de abordagem do texto literário. A autora pontua sobre a necessidade de se ter em mente que o rumo das construções de sentidos dos textos está além do planejamento do professor. Isso porque a recepção do texto, em sala, pode nos levar para caminhos diversos em conversas sobre livros, justamente pelo fato de cada leitor imprimir suas marcas próprias nas obras recebidas. Por ser, a conversa sobre livros, um caminho que pode seguir diferentes trilhas, a autora chama atenção para a necessidade de uma postura metodológica reflexiva, isto é, imaginar perguntas que possam surgir no momento das leituras ou determinar estratégias de leituras. Nesse contexto, o professor, ainda que diante do inesperado, deve estar preparado para todo tipo de recepção da obra selecionada.

Além de pensar sobre “o que levar” e “como levar”, a seleção do professor deve considerar: os elementos plásticos/estéticos a serem explorados; a segurança de efetivamente conhecer a obra escolhida e; por último, desenvolver uma capacidade de escuta apurada ao conversar sobre o que foi lido com os alunos.

Como professores do Ensino Básico, percebemos, também, que a recepção do texto literário em sala pode oferecer, num primeiro momento, alguma resistência de leitura. E é, nesse ínterim, que devemos priorizar a prática da mediação do texto literário, por meio da leitura compartilhada. O texto literário, quando em prática compartilhada, desmistifica o olhar. Ora, se temos alunos que nunca leram um livro inteiro, como pedi-los para o fazerem sozinhos? Trata-se de uma missão fadada ao fracasso.

Sabemos que a oralidade e a entonação podem ser grandes aliadas em sala. Quem nunca ouviu um aluno dizer que só compreendeu a pergunta da prova depois de lida pelo professor? O mesmo ocorre com os textos, literários ou não, em sala.

Annie Rouxel (2012) chama atenção para as mudanças no modo de recepção do texto literário pelo sujeito leitor. A experiência com a leitura anteriormente era construída de modo distanciado, e o leitor era visto pelos mesmos moldes. A autora devolve ao leitor a grande importância que lhe é devida, ressaltando a importância da subjetividade da experiência de cada leitura.

Nas palavras da autora: “a leitura é uma afirmação de si diante do texto e cada leitura conduz a uma recomposição das representações e do repertório de valores do leitor. Por meio da identificação, o sujeito descobre a alteridade que está nele mesmo” (2012, p.17).


Levando em conta toda a dinâmica da subjetividade envolvida no exercício da leitura, a autora cita, como consequências para o ensino da literatura:

  • Que o professor prefira uma abordagem mais sensível das obras literárias em sala, acolhendo as elaborações de interpretação que permitam múltiplos caminhos;
  • O texto literário pode apontar para caminhos muito subjetivos, de acordo com a vivência de cada leitor;
  • Que o professor possa privilegiar o momento da leitura e aproveitar-se desses momentos para discutir dúvidas que surjam quando o texto é lido. Seria como construir coletivamente os significados do texto a partir da escuta e da fala, colocando o sujeito leitor na posição central.

O momento da leitura é uma experiência única. Sentimentos e sensações brotam à flor da pele em diferentes medidas nos alunos e, também, em nós, professores. Afinal de contas, quantos de nós já não fomos surpreendidos com alguma possibilidade de interpretação feita por algum aluno em sala, propondo reflexões que nos tiram do eixo, justamente por trazerem seus olhares, suas vivências, seus lugares de fala.

Dando seguimento às aulas de Círculo de Leitura, selecionamos títulos disponibilizados pela Sala de Leitura da escola e pelo acervo pessoal da professora regente. Os alunos foram convidados a apresentar oralmente os livros para os colegas de classe e a preencherem uma ficha de leitura sobre a obra. Como passo seguinte, cada aluno, munido de seu relato escrito, foi orientado a produzir sua própria resenha sobre o texto lido.

Por fim, as resenhas produzidas alimentaram a página de resenhas da escola @resenhistasdaemot, da rede social Instagram, evidenciando o produto do percurso dos alunos.

A prática de produção textual em veículos midiáticos: curadoria de textos literários por jovens leitores

O grande impasse que se impõe a todos os professores de Língua Portuguesa gira em torno do modo como os alunos recebem a prática da produção textual: como tarefa puramente avaliativa. Nela, o professor recebe o texto do aluno, corrige-o de modo unilateral, atribui uma nota com base em critérios de nível ortográfico-gramatical, e o devolve ao aluno atestando (através da nota) se ele alcançou ou não a competência exigida.

A didática da produção escrita ainda tem sido encarada a partir de aspectos quantitativos, isto é, uma avaliação ancorada apenas em aspectos formais e gramaticais do texto. Quanto aos aspectos qualitativos, todo potencial discursivo dos alunos tem sido deixado de lado, o que reforça uma postura pouco engajada, com alunos que se sentem pouco motivados, quando não forçados a produzir textos engessados ou tipicamente escolares.

A tarefa de produção textual, objetivada neste projeto, propôs ressignificar o universo da escrita. Nessa perspectiva, os alunos são inseridos em uma didática do texto que não prevê somente uma nota atribuída ao final do bimestre, mas, sim, o percurso percorrido pelos alunos após as etapas de leitura de obras literárias, discussão e produção textual. Por terem ciência de que as produções em sala estariam disponíveis em rede social, os alunos sentiram-se verdadeiramente motivados em participar do processo de criação, e não conceberam a tarefa de revisão/refacção do próprio texto como algo enfadonho.

Quando os textos dos alunos ganham visibilidade para além da sala de aula, observamos como o trabalho com a escrita pode trazer mudança de comportamento, promovendo autonomia. E isso se reflete, invariavelmente, na autoestima do alunado da escola pública.

Dentre as dez competências gerais estabelecidas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), figuram como eixos relevantes o exercício do protagonismo através da autoria na vida pessoal e coletiva, e a participação em práticas diversificadas da produção artístico-cultural. Consta, como habilidade indicada pela BNCC, em todos os anos finais do ensino fundamental:

(EF69LP51) Engajar-se ativamente nos processos de planejamento, textualização, revisão/ edição e reescrita, tendo em vista as restrições temáticas, composicionais e estilísticas dos textos pretendidos e as configurações da situação de produção – o leitor pretendido, o suporte, o contexto de circulação do texto, as finalidades etc. – e considerando a imaginação, a estesia e a verossimilhança próprias ao texto literário. (Brasil, 2018, p. 159)

O trabalho com a práticas de linguagem em sala de aula deve ser aquele que se propõe a oferecer ao aluno maior agenciamento sobre seu fazer textual, e a coadunar com as demandas atuais e com os diferentes tipos de plataformas nas quais nossos alunos estejam inseridos. Seja produzindo conteúdos em rede ou desenvolvendo a criticidade, eles devem ser considerados como sujeitos produtores de saberes que podem ultrapassar os limites da sala de aula.

A grande motivação para a produção de resenhas orientadas pôde ser evidenciada pela visibilidade destes textos, quando promovidos em uma rede de larga adesão, como o Instagram. Percebemos, ao longo desse percurso, que a escola se mostrou muito engajada em promover os livros lidos pelos alunos através das postagens e dos comentários.

Cabe lembrar, ainda, que muitas das resenhas postadas geraram grande comoção em toda a comunidade escolar, justamente por viabilizar um canal de contato direto entre os textos dos alunos e a interação dos autores e ilustradores das obras resenhadas. Ao verem seus textos em rede, seguidos por comentários e compartilhamentos dos escritores e geradores de conteúdos, os alunos sentiram-se verdadeiramente motivados a produzir mais conteúdos para alimentar a página.

Considerações finais

O projeto @resenhistasdaemot trouxe um impacto positivo para a dinâmica da sala de aula, pois, ao exercitar a prática da escrita de resenhas, tivemos uma ressignificação de como o aluno encara a tarefa da produção textual.

Anteriormente a mentalidade dos alunos perante a tarefa de produção escrita proposta seguia o seguinte raciocínio: seguir modelos de produção; cumprir objetivos de aspectos gramaticais; alcançar os objetivos discursivos propostos pelo professor, para, assim, conseguir uma boa nota, encerrando-se, nela, sua relação com a tarefa de escrever textos.

Com o desenvolvimento do projeto, os alunos mostraram-se dispostos a participar da página promovida pela escola e a divulgar o próprio trabalho em rede. Dessa forma, colegas, familiares, escritores e outros internautas de todo o território nacional podem ter acesso e valorizar o trabalho da sala de aula.

Isso se deve ao fato de estarem expostos a práticas que valorizam a autoria e o exercício da criatividade, com trabalhos que podem ser compartilhados em uma rede de desdobramentos com infinitas possibilidades de interação partindo de um objeto em comum: a literatura. Assim, escrever textos deixou de ser uma tarefa meramente avaliativa para se tornar uma oportunidade de desenvolver autoria e autonomia, tornando-os protagonistas.-

Aline Azeredo Laversveiler Guedes

Graduada em Português e Literaturas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, possui especialização em Ensino de Língua Portuguesa pelo Colégio Pedro II e atualmente é mestranda, pelo Programa de Mestrado Profissional em Letras (PROFLETRAS), na Universidade Federal do Rio de Janeiro, com linha de atuação em Estudos de Linguagem e Práticas Sociais. É professora da Rede Municipal do Rio de Janeiro desde 2015. Já atuou, como professora de Língua portuguesa, na Secretaria Municipal de Mesquita e na Secretaria do Estado do Rio de Janeiro. Atualmente está lotada na E/CRE(05.15.041) Escola Municipal Oswaldo Teixeira.

Referências

BAJOUR, Cecília. Ouvir nas entrelinhas. São Paulo: Pulo do Gato, 2012.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: MEC, 2018.

CASTRILLÓN, SILVIA. O direito de ler e de escrever. São Paulo: Pulo do Gato, 2011.

COLOMER, Teresa. Andar entre livros: a leitura literária na escola. Tradução: Laura Sandroni. São Paulo: Global, 2007.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessário s à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

HOOKS, bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. São Paulo: Martins Fontes, 2013.

ROUXEL, A. Mutações epistemológicas e o ensino da literatura: o advento do sujeito leitor. Revista Criação & Crítica, São Paulo, n. 9, p. 13-24, 2012. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/criacaoecritica/article/ view/46858/50609.

ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. 11 ed., rev. atual. e ampl. São Paulo: Global, 2003.

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